EX-OCCIDENTE LUX!

A Missão e a Responsabilidade da

Sociedade Teosófica Brasileira  (1)

Dhâranâ nº s 26 e 27 – Janeiro a Dezembro de 1965 – Ano XL

 

OS ÚLTIMOS DIAS DO BUDHA VIVO DO ORIENTE

 

Quem acompanha os horrores que se dão se dão no Tibete 7, Telhado do Mundo, julga que se trata de um fenômeno natural à época que estamos atravessando em relação ao Comunismo, prestes a invadir os países do Oriente. Acontece, porém, que as próprias tradições daquele país e da Mongólia já falavam sobre o fato há muitos séculos.

 

Citam-se velhos livros, como por exemplo, o Vishnu-Puruna, cuja profecia principal merece ser aqui transcrita:

“Nos dias em que os mlechchas (estrangeiros) forem senhores das margens do Indo, Casemira e Chandrabaga, aparecerão monarcas de mau espírito, gênio violento, mentirosos e perversos. Eles darão morte às mulheres, às crianças e aos próprios animais. No entanto o seu poder será limitado. Suas vidas serão curtas, embora seus desejos insaciáveis. Gentes de vários países, com eles se misturando, seguirão o seu exemplo. Os puros serão desprezados. E com isso o povo perecerá, porque os mlechchas ou bárbaros, estarão nos extremos, enquanto os verdadeiros ários estarão no centro. A pureza e a piedade diminuirão cada vez mais, até o mundo entrar em completa degradação... Então, somente a fortuna dará valor aos homens; ela será a única fonte de devoção. A paixão animal será o único laço de união entre os sexos. A falsidade o único meio vencer as contendas; as mulheres mero objeto de satisfação sexual. A exterioridade, o único sinal de distinção entre as camadas. A falta de honradez, o mais prático meio de se ganhar a vida. A debilidade trará consigo a dependência; a ameaça e a ostentação suplantarão a verdadeira Sabedoria. A mais desenfreada liberdade não permitirá outras aspirações mais dignas. A riqueza dará ao homem a reputação de puto e honesto. O matrimônio não passará de simples negócio. A razão estará sempre do lado mais forte. E o povo, esmagado pelo peso da enorme carga, começará a emigrar de um lado para outro. E assim; na Idade Negra, a decadência moral continuará a sua marcha, até que a raça humana se aproxime da sua extinção. Quando o fim, de tal idade estiver próximo, descerá sobre a Terra uma parte daquele Ser Divino, que existe em sua própria natureza espiritual, dotado das oito faculdades supremas. Ele restabelecerá a justiça na Terra, e as mentes dos viverem até o fim, serão tão puras como o cristal. Os homens, assim transformados, serão como Sementes de uma nova raça, que seguirá as leis da Idade do ouro, ou da Pureza, para transformar o mundo. Dois elevados Seres, dois Devapis, volverão à Terra, para felicidade dos homens”.

 

7 Este artigo que, por estranhas razões estava perdido fora de nossa Redação, foi evidentemente escrito quando se deu a invasão do Tibete, em 1950. Treze anos após, o Autor despediu-se desta vida. Hoje, talvez ele só tivesse a acrescentar que as guerras e as revoluções sucessivas constituem outras dolorosas confirmações das profecias orientais. (N. da R.).

 

Impressionante também a profecia do “Rei do Mundo”, narrado por F. Ossendowski, em seu livro “Animais, Homens e Deuses”:

“Cada vez mais os homens esquecerão as suas almas, preferindo ocupar-se de seus corpos. A maior corrupção reinará sobre a terra. Os homens tornar-se-ão idênticos aos animais ferozes embebidos no sangue de seus irmãos. O Crescente se aniquilará e seus adeptos sairão em miséria e guerra perpétua. Seus conquistadores serão iluminados pelo Sol, mas não se elevarão duas vezes; acontecerá a maior das desgraças , que culminará em injúrias diante de outros povos. As coroas dos reis, grandes e pequenos, cairão: uma, duas, três, quatro, cinco, seis , sete, oito... Haverá uma guerra terrível entre todas as nações. Os oceanos se tingirão com o sangue de irmãos contra irmãos. A terra e o fundo dos mares ficarão cobertos de ossadas... Povos inteiros morrerão de fome, ou por moléstias desconhecidas, ou pela prática de crimes não previstos nos códigos com que se regem os homens , e isto por nunca terem sido vistos iguais na terra.... As maiores e as mais belas cidades serão destruídas pelo fogo. O pai se revoltará contra o filho, o irmão contra o irmão, a mãe contra a filha. O vício, o crime, a destruição do corpo e da alma continuarão a sua rota fatal... As famílias serão divididas... O amor e a fidelidade desaparecerão, porque a prostituição reinará até nos lugares mais sagrados... Em dez mil homens, um só viverá, mesmo assim, louco e sem forças, não encontrando habitação nem alimento. Toda a terra ficará deserta. Deus lhe voltará as costas. Sobre ela cairá o espesso véu da noite e da morte... Então enviarei um Povo, agora desconhecido, que com mão firma, arrancará as más ervas da loucura e do vício. E conduzirá aqueles que ficarem fiéis ao espírito da Verdade na batalha contra o mal. Eles fundarão uma nova vida na terra, purificada pela morte das nações...

 

Convém lembra o leitor que esta profecia foi feita há mais de meio século, no mosteiro de Narabanchi, na Mongólia Exterior.

 

Nos preceitos de Tsong-Khapa, fundador do Lamaísmo, há outra profecia de grande valor, dizendo que a Terra Sagrada de Bod-Yul (Tibete) seria inacessível aos estrangeiros até que o dia que Pantche Rinpoché se reencarnasse no País de Pheling-Pa (Ocidente), para aí disseminar a Lei do Tatágata; e que nessa ocasião um grande movimento renovador terá início, para além das águas negras de Kalapani (Oceano Atlântico).

 

Realmente inútil e sacrílega é a comédia que se representa desde aquela época (1921) no Tibete, como em todo o Oriente. Comédia essa tecida pela política de alguns “lamas” cobiçosos do país das neves eternas, mas que já começaram a apelar para os homens do Ocidente. Sim, um grande movimento espiritualista se iniciou em 1921, no Brasil, transladado para estas plagas o “Teto do Mundo”, conforme depoimento que aqui transcrevemos, pois para isto estamos autorizados:

 

 “Em setembro de 1933, visitou a Chefia Suprema da Sociedade Teosófica Brasileira, um Ser de alta hierarquia espiritual, Secretário particular S.S. o Chefe do Lamaísmo Tibetano, conhecido com o precioso nome de Dalma Dorge, que além de ser o portador de determinada relíquia para a Obra em que a Sociedade Teosófica Brasileira está empenhada, relatou ao dirigente da mesma uma visão do 31º e último Budha Vivo, S.S. Djebtung Damba Hutuktu Khan, Bodgo Gheghen, pontífice de Ta Kure:

“Num belo dia de setembro de 1921, o Bem-aventurado Budha Vivo recuperou sua visão física, que havia perdido há muitos anos, ou seja, desde 1883. Mandou chamar em seu Santuário particular, em Urga, todos os marambas (discípulos). Ordenou que estendessem no assoalho um tapete de cor azul índigo.

 

Pediu que queimassem o perfume conhecido com o nome de “Fatyl”, a fim de preparar a ambiência ritualística. Logo após ter iniciado o cerimonial, o Bogdo Gheghen chamou a atenção dos Marambas para o centro do Santuário. A seguir, do centro do tapete ergueu-se magicamente uma Montanha, por cujas encostas um casal de cavaleiros subia até quase ao cume.

 

 “De súbito, os dois seres se prostraram de joelhos sobre uma pedra, diante de círio aceso.

Com agilidade, Sua Santidade ergueu o braço direito apontando para o Ocidente, e disse:

“Eis meus sucessores, a quem passo meu madeiro. Sobre ambos paira o Cavaleiro das Idades, montado em seu cavalo branco.

 

Mais acima está a majestosa efígie daquele que virá como Chenrazi, o espírito misericordioso da montanha, cujo nome é Maitréia Budha, ou o Cristo Universal.

“Vamos preparar nossas relíquias, livros sagrados, objetos e símbolos, porque as nossas terras serão invadidas por gentes de outras plagas, que virão destruir nossas tradições, nossos templos, nossas bibliotecas, carregar nossos bens e matar nossos filhos”.

 

Nesse momento, lançou sua benção para todo o Mundo. Como despedida do  cenário humano, saiu em procissão pelo Tibete durante vários dias. Por onde passava, fazia curas de cegos, paralíticos e doentes portadores moléstias ditas incuráveis. Antes de deixar o Tibete, encarregou seus Ministros ou Colunas particulares (J. e B.), Jahantzi e kampo Ghelung, de manter sua tradição e orientação espiritual, a fim de não prejudicar a evolução espiritual daquele povo. Pediu a Dalma Dorge que mantivesse guarda a determinado objeto, que deveria ser trazido na época oportuna para o Ocidente.

 

Estes foram os últimos dias do Budha Vivo da Mongólia – Takura Bey, que levou em seu magnânimo Coração o Ex Oriente Lux, porque desse momento em diante o ciclo passou a ser do Ex Occidente Lux.

 

Desde 1921 as Consciências ou Divinas Essências que animavam aquela Corte Tibetana de nobres e ilustres Marambas, começaram a projetar-se nas mentes dos Filhos do Ocidente. A sublime imagem daquele Santo Ancião, embora tenha deixado o cenário humano, não abandonou, entretanto, os nossos corações ocidentais. Com uma precisão matemática, suas profecias vem se realizando no Oriente, e suas visões se objetivando rapidamente. O que outrora era tomado como símbolo, hoje é dura realidade.

 

Observando as coisas com os olhos da iniciação, verificamos que o Oriente de hoje se ocidentalizou com as artes bélicas, com a ciência positiva e materialista característica do pensamento e temperamento ocidental, ao passo que o Ocidente está aos poucos se orientalizando com as Filosofias e conhecimento das Tradições exotéricas e esotéricas do Oriente. As Consciências esclarecidas do hemisfério oriental estão voltadas para as nossas plagas. Os mistérios guardados ciosamente no Coração dos Templos Transhimalaios, estão aos poucos vão sendo transladados para o âmago dos

Templos ocultos em... Cordilheiras Americanas. A tradição do Monte Meru já cedeu lugar à dos Monte Ararat no Roncador e Moreb nos contrafortes da Mantiqueira.

 

Isto posto, podemos dizer que o Himalaia e a Mantiqueira se consorciaram, cujo himeneu dará ao Mundo Aqueles que realizarão a Concórdia Universal.

 

Quando em 1924, com o seu primitivo nome de Dhâranâ, a Sociedade Teosófica Brasileira (hoje, SBE) caminhava para seus altos desígnios. Recebeu do oriente a seguinte mensagem, que mais uma vez trazemos a público:

 

 “Salve Dhâranâ, rebento novo, mas vitalizado pela uberdade do tronco gigantesco donde nasceste. Vieste do Oriente, como uma rama extensa, florescer as mentes dos filhos deste País grandioso, que já tiveram a dita de ouvir o cantar mavioso da Ave Canora, que lhes segreda internamente, amor a todos os seres. Os teus triunfos já são cantados em melodiosas estrofes no grande concerto universal da Cadeia setenária, porque Tu, excelsa Potência criada pelos teus próprios esforços, começaste a dar crescimento, nas tuas poderosas hastes, às folhagens verdejantes, onde amarelados frutos serão colhidos por todos aqueles que se acham, famintos e perdidos, na grande floresta da vida. E assim, com as cores do Pavilhão da Pátria de teus filhos, também, tu, Dhâranâ, terás o teu Hino glorioso cantado pelos Querubins que adejam em torno da Silhueta majestosa do Supremo Instrutor do mundo”.

 

Tão excelsa mensagem, enviada do oriente, é uma verdadeira Apoteose ao Continente Americano, dando ao Brasil o seu lugar de destaque, pois, como disse muito bem o Prof. Henrique José de Souza: Brasil, Terra do Fogo Sagrado, Santuário da Iniciação moral do gênero humano a caminho da sociedade futura.

 

1) Hoje, Sociedade Brasileira de Eubiose